segunda-feira, 19 de julho de 2010

Saudosismo

Acordei com uma saudade imensa do Tom Jobim. Dez dias fora de casa e o que mais me faltava era ouvir Jobim. Liguei o computador e achei Matita Perê. Uma canção cuja matéria é tão etérea, que não há mesmo a menor possibilidade que entendamos alguma coisa. É como interpretar os sonhos...jamais nos damos por satisfeitos.

Veio uma, outra e outra, escolhia a dedo. Comecei por Matita Perê, fui ouvir seu primeiro disco solo The Composer Plays...instrumental. A música anterior as palavras e a rafinatezza de Jobim. Poucas notas, com improvisos em vias da cristalização eterna. Todo recolhimento, para que se torne possível apenas a pequena pérola melódica, rítmica e harmônica  O som do tom, mais de mil tons pra se achar. Como faz falta Tom Jobim. O compositor brasileiro, que deixou a crítica confusa e desfez a divisória que distanciou por tanto tempo o erudito do popular.

Foi ele quem conseguiu de fato produzir biscoito fino para as massas, como queria Oswald de Andrade e tantos outros modernos. Um marco. Compôs a trilha sonora de um Brasil que poderia ter existido, mas que sucumbiu frente a nova ordem mundial. Jobim, Antonio Carlos Brasileiro Jobim.

"Deixa o mato crescer..."

Beba Urubu, cheire Matita Perê, vá de Bossa Nova... beije Borzeguim, sinta Passarim.
Saudades intensas, Maestro!

Um comentário:

  1. A condensação é um estado interessante. Toda partícula, que no ar estava dispersa, se ajunta a milhares de tantas outras e vira água, gotículas no vidro. O mesmo acontece com a irradiação de emoções que se condensam em forma de lágrima, ou letras no papel.

    Belo texto, Pedro.
    Saudades.
    Vê se não desapareça tanto assim, ora seu! rsrs

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