domingo, 30 de janeiro de 2011

Das sutilezas do racismo

É lugar comum dizer que a audição de música clássica beneficia o desenvolvimento dos bebês. Concordo que ouvir música faz muito bem para as crianças, no entanto, quando se distingue a música boa e a música ruim, a coisa começa a ficar complicada.

Sempre que endossarmos uma informação insopitável, devemos antes nos atentar que por se tratar de um lugar comum, por vezes nos descuidamos de suas sutilezas, por limitarmo-nos ao que é apenas comum.Não é científicamente comprovado, não é uma formulação de que conhecemos as fontes, nada disso. É apenas o que por uma razão, ou outra acredita-se sem pensar. Portanto pensemos, por que razões a música dita clássica faria melhor a um bebê do que uma outra variedade de música desse mundo musical:

Por ser mais complexa?
Ora as músicas como as línguas são igualmente complexas e perfeitamente aptas a falarem o que quer que se pretenda falar.
Por ser mais calma?
Somente uma pessoa que nunca ouviu Bethoven poderia repetir isso.

E a música não europeia? O jazz, a bossa nova, o samba, o maracatu, a salsa, enfim, toda a diversidade extra-ocidental, por que é que não faria bem ao desenvolvimento do bebê? Ainda mais, se se tratarem de músicas que os pais já gostem, que signifiquem para a família, que criam uma atmosfera familiar? Por que não tocá-las para o bebê, em troca de uma música que as vezes nem os próprios pais apreciam, mas que por respeitar-se o que se recomenda é seguido cegamente por aqueles pais que buscam o que há de melhor para os seus.

Portanto, não caia nessa:

Falar que somente a música clásssica faz bem para o bebê é racismo.

Que não se fale mais disso.

Um abraço,
ufa, pode começar 2011!

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