domingo, 13 de fevereiro de 2011

Da MPB à MTV

Há um confronto implícito na música brasileira desde o ano de 1990 quando é lançada a MTV no Brasil, filial da MTV americana, que acabara de emplacar a MTV Europe. Desde já a emitivi brasileira, em vistas de se aproximar de sua matriz será a maior responsável pela americanização de toda uma geração de jovens brasileiros que diante da tv passarão a se interessar por bandas como Faith No More, Skid Row, Guns and Roses, Roxete e outras tantas que bombam nas festas em homenagem aos anos oitenta. A emitivi vinha da gringa e apesar de estar invadindo um país incrível em termos musicais não deu a mínima para a tradição popular brasileira, menos ainda para a MPB. Nossos artistas que por vezes emplacavam algum clipe no Fantástico, sucumbiam diante da produção milionária da indústria norte-americana. Nunca assisti a um clipe do Caetano na MTV, tampouco do Chico Buarque ou do Gilberto Gil. Para a emitivi era como se eles não existíssem. Ou pelo menos, não mereciam crédito algum. Por outro lado a emissora não se esquecia de reprisar os novos Michaels Jackson e as Madonnas do momento. Nada de Bossa Nova, samba então nem pensar. Parecia que a emitivi tinha vergonha da música brasileira. Com isso, a música nacional não estreou na emitivi. A emitivi, apesar das súplicas de Caetano não virou emeteve. 

Toda uma geração que cresceu e se formou com as informações da emitivi passou ao largo de toda uma história heróica da música popular brasileira.Contudo, aos poucos, jovens brasileiros diante do império da mtv no Brasil adaptam suas bandas ao formato solicitado pela emissora. Oras com uma pegada Rockeira, admitindo as influências das bandas do momento, ora com traços da música eletrônica, novas bandas brasileiras conseguem um espacinho na emitivi. No entanto, as primeiras felizardas entraram mais por parecerem com seus ídolos gringos do que por apresentarem algo realmente novo ou brasileiro. 

Somente no final dos anos noventa que começa mais uma grande virada da música brasileira. Com Maracatu Atômico e mais meia duzia de cacetadas   pernambucanas na cabeça da emitivi paulista, Chico Science e a Nação Zumbi resgatam um Brasil perdido pela televisão brasileira cantando Mautner e Nelson Jacobina. O movimento Mangue Beat  revelava muito mais do que um espelho do imperialismo, por detrás do espelho preservava-se toda uma tradição musical brasileira e assim alterando o que poderia ser um simples reflexo demostravo que o brasileiro é antes de tudo um antropófago como constatou Oswald de Andrade lá em 1924, e vitorioso levantava, sacudia a poeira e dava a volta por cima. Com a porteira aberta passam Raimundos, Planet Hemp o Rappa, Farofa Carioca e cia.

Enfim, não importa o tamanho do desafio, a música brasileira com seus rituais antropofágicos dá um jeito de chegar aos seus meninos e meninas, e não há nada mais perigoso do que a própria cultura, só ela pode realmente mudar alguma coisa. Não mudou a Bahia, o Recife, a emitivi e o Brasil? 

Quando der comentarei a ascensão do rockeiro Lobão na MTV e a sua cruzada reacionária anti MPB.

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