quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cancionista?

Sempre impliquei com o termo Cancionista. Sou leitor apaixonado da obra e do cancioneiro de Tatit, faço raríssimas objeções aos seus estudos. Meu problema é somente com este termo, o professor Tatit há de me perdoar.

Criado por Luiz Tatit, o termo o cancionista ainda busca se afirmar sobre o ainda mais usado, compositor popular. Tatit, inspirado pelo termo song whriter usado nos Estados Unidos há tempos para caracterizar o profissional cujo o ofício é o de escrever canções, teria inventado esta palavra já no fim do século XX, chamado, também por ele, de século da canção, numa tentativa de traduzí-lo para o português. E assim ficou: cancionista.Alguns jovens mais antenados logo incluiriam o neologismo em seus respectivos repertórios.

Cancionista? Cartola, Noel Rosa, Ataulfo Alves? Dorival, Jobim ou Ari Barroso? Se existem cancionistas no Brasil - acho até que eles começam mesmo a existir aqui - eles começaram a aparecer depois da invenção do termo que me parece mais adequado para designar aqueles que além de escreverem canções, são também seus estudiosos. Aí sim eu aceito. Cartola, Chico Buarque ou Noel, não consigo aceitar. Mas Wisnik ou Tatit, vá lá. 

Ainda assim, a minha impressão é que o termo não vingou. Na batalha das palavras a situação, me parece, continua reinando. E "viva o compositor popular".

Um comentário:

  1. Desabafou? Não se impaciente com um mísero conceito, Pedro. Tudo são adequações. Aliás, como bem disse Ezra/Erza Pound (nunca sei que letra vem na frente, ó coisa!): "Uma definição de Beleza: adequação ao objetivo". Mesmo assim, admiro sua maravilhosa capacidade em discordar do cânone! Outra citação: defendo o seu direito de falar, mesmo que isso atente contra mim.

    Engraçado, apreendo o conceito de cancionista como aquele que faz canções. Mas, segundo o próprio Tatit, que pode ter variações de conhecimento em causa musical e literário. O Paulo Vanzolini, para ilustrar, hoje, ao menos, ele não deve tocar nem punheta coitado, quiçá, uma siririca sob prescrição médica. Não obstante saiba poetar ao gosto popular, ainda que com uma pitada de ranço de homem da ciência, o que lhe é inevitável, ele sempre compôs uma resma de canções em meio a cobras e lagartos lá na casa do Butantan. Basta assisitr ao documentário "Um homem de moral" para constatar o que estou falando(http://www.youtube.com/watch?v=8GQLpjf7GyA).

    Mas enfim, um conceito é apenas um gancho que leva o alpinista mais ao pico da montanha.

    forte abraço do seu admirador e por que não, amigo?
    kdu

    ResponderExcluir