quinta-feira, 8 de abril de 2010

A música nordestina - Biu Roque

Hoje postarei apenas um comentário feito por Mário de Andrade no seu Ensaio sobre a Música Popular Brasileira de 1928, cujo texto encontrei na integra no endereço: www.ufrgs.br/cdrom/mandrade/mandrade.pdf, e postarei em seguida, o link para a vizualização do myspace do grande mestre maracatu Biu Roque que aos 72 anos prepara seu primeiro disco. No site, a comprovação da hipótese de utilização do quarto-de-tom nas melodias de algumas músicas nordestinas, mais evidente na belíssima A folha da bananeira, uma preciosidade.

Aí vai o trecho do Ensaio de Mário:

"No canto nordestino tem um despropósito de elementos, de maneiras de entoar e de articular, susceptíveis de desenvolvimento artístico. Sobretudo o ligado peculiar (também aparecendo na voz dos violeiros do centro) dum glissando tão preguiça que cheguei um tempo a imaginar que os nordestinos empregavam o quarto-de-tom. Pode-se dizer que empregam sim. Evidentemente não se trata dum quarto-de-tom com valor de som isolado e teórico, baseado na divisão do semitom, que nem o posto em jogo faz alguns anos pelas pesquisas de Alois Haba. Mas o nordestino possui maneiras expressivas de entoar que não só graduam seccionadamente o semitom por meio do portamento arrastado da voz, como esta às vezes se apóia positivamente em emissões cujas vibrações não atingem os graus da escala. São maneiras expressivas de entoar, originais, características e dum encanto extraordinário. São manifestações nacionais que os nossos compositores devem de estudar com carinho e das quais, se a gente possuísse professores de canto com interesse pela coisa nacional, podia muito bem sair uma escola de canto não digo nova, mas apresentando peculiaridades étnicas de valor incontestável."

- Ouçam Biu Roque e tirem suas próprias conclusões!

Um comentário:

  1. e aí pedrão vamos dialogar por aqui... beijos e entra no www.baiaodeuma.blogspot.com

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