terça-feira, 22 de junho de 2010

A Lei de Gaga e a Nova Música Popular Brasileira

Caros amigos e amigas,
Desculpem-me pelos transtornos ocorridos pela mudança do nome do blog. Rasurei a clara trilha que levava ao blog, e o pior: perdi os adoráveis comentários aqui postados. Felizmente, tenho-os todos na minha caixa de e-mails, e estou estudando uma maneira para que eles voltem ao blog. Tudo culpa da falta de experiência com a internet, espero ter aprendido mais algumas lições do mundinho virtual.

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O que será isso que vem sendo chamado de Nova Música Popular Brasileira? Não me parece nova, tampouco popular. Ainda estamos bem distantes do século XXI, a diferença básica é que parecemos infinitamente mais caretas que outrora. O que será que está acontecendo com a música brasileira? O que de melhor se produz pelos músicos brasileiros está voltado para o exterior.
-É macumba pra turista, grita Oswald de Andrade de seu exílio eterno.
-As notas dissonantes se integraram ao som dos imbecis, ruge Caetano. Enquanto João Gilberto que acaba de completar 79 anos, ainda nos redime, com canções e silêncios enquanto espera viver o bastante para resolver o impasse com a EMI que impede o lançamento de seus primeiros três discos que marcam o início de uma nova era para a música popular brasileira. É preciso ouvir John Cage e seus 4'33'' de silêncio. Como dizia um professor querido:
- O silêncio não é ausência de sons, pois ele está prenhe deles.

Kings of Convenience, um grupo Norueguês talentosíssimo já em 2001 manifestou no nome do seu disco de 2001 a evidência: "Quiet is The New Loud". O Roqueiro Iggy Pop recentemente decidiu gravar Insensatez de Tom Jobim e outras canções aparentemente menos ruidosas e causou um estrondo no mundo do rock. Em entrevista, manifestou seu desprezo ao rock dos Indies moderninhos chamados por ele de Indiotas.

Quando parecíamos caminhar para um balanço do século XX que daria continuidade às boas surpresas da década de 90 eis que morre Michael Jackson e somos mais uma vez inundados pelo pop pop dos anos 80. Com a morte do Rei, a rainha Madonna volta a sucedê-lo e seu corpo cansado teima em disfarçar sua idade através de novas tecnologias. Tudo pronto para o despertar de mais uma estrela pop: eis que surge Lady Gaga: Uma Madonna com as bizarrices do Michael. A volta aos anos 80 se reflete na festa de abertura da Copa. Se nos anos 80 tínhamos o contraponto do lado comuna da guerra fria, na sua volta, a unicidade de seu caráter mercadológico. Em vez da televisão a Internet, que caminha para ser a TV moderna. E nós que pensávamos que a nova tecnologia sucederia a televisão? Erramos novamente.

É sinistro o panorama, a saída é a ruptura total e convicta com a cultura pop. O culto à diversidade nos levou às portas da mesmice. Insistamos na diferença ou seremos condenados ao pop rasteiro imposto pela Lei de Gaga e pelos herdeiros sem talento da nossa música popular.



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