Nunca mais (ou)vi Wisnik, não que eu não quisesse, aconteceu assim. Um dia, numa das minhas releituras de Verdade Tropical percebi que aquele que escrevera o prefácio do livro era o mesmo que cantaria aquela canção bonita com nome de exame de paternidade. E ele estava ali, nas primeiras páginas do meu livro amado, estranhamente ali, desde 1997, desde quando eu o li. Não poderia ser a mesma pessoa. Desconfiei e ficou por isso mesmo.
Chegou em minha casa um dia, um disco de criança com um nome ótimo: Canções Curiosas, da série Palavra Cantada, que eu também não conhecia. Desde Os saltimbancos e da Arca de Vinícius que eu não ouvia algo tão bom para as crianças. Tem Arnaldo Antunes, tem Carlinhos Brown, tem Paulo e Luiz Tatit, e depois de tudo isso, na última canção de um disco histórico para o cancioneiro infantil brasileiro, surge a voz de José Miguel Wisnik que, acompanhado por Luiz Tatit, canta a incrível "Gramática", uma aula poética de português.
Gramática entraria para o nosso repertório. O mesmo amigo que ouvira comigo DNA, também ouviria comigo muitas vezes o disco das canções curiosas. Tiramos várias músicas dos discos. Nas nossas rodas eu tocava "Erê" de Carlinhos Brown, ele "Gramática" parceria de Sandra Peres e Luiz Tatit.. Tinha alguma coisa ali. Aqueles dois que cantavam, mais pareciam professores de português.
Um dia apareceu um livro verde na casa de uma amiga, com um título sugestivo: O som e o sentido. Lembro-me bem da minha vontade de ter um livro assim. Lembro-me da vontade que tinha de saber as coisas todas que o livro trazia em si. Eu, rapaz do som, procurando um instrumental para dar algum sentido pra tudo aquilo que vinha escutando. Não acreditei quando saquei o autor...
Agora era sério: eu precisava procurar Wisnik.
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