quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Procurando Wisnik II

Nunca mais (ou)vi Wisnik, não que eu não quisesse, aconteceu assim. Um dia, numa das minhas releituras de Verdade Tropical percebi que aquele que escrevera o prefácio do livro era o mesmo que cantaria aquela canção bonita com nome de exame de paternidade. E ele estava ali, nas primeiras páginas do meu livro amado, estranhamente ali, desde 1997, desde quando eu o li. Não poderia ser a mesma pessoa. Desconfiei e ficou por isso mesmo.

Chegou em minha casa um dia, um disco de criança com um nome ótimo: Canções Curiosas, da série Palavra Cantada, que eu também não conhecia. Desde Os saltimbancos e da Arca de Vinícius que eu não ouvia algo tão bom para as crianças. Tem Arnaldo Antunes, tem Carlinhos Brown, tem Paulo e Luiz Tatit, e depois de tudo isso, na última canção de um disco histórico para o cancioneiro infantil brasileiro, surge a voz de José Miguel Wisnik que, acompanhado por Luiz Tatit, canta a incrível "Gramática", uma aula poética de português.

Gramática entraria para o nosso repertório. O mesmo amigo que ouvira comigo DNA, também ouviria comigo muitas vezes o disco das canções curiosas. Tiramos várias músicas dos discos. Nas nossas rodas eu tocava "Erê" de Carlinhos Brown, ele "Gramática" parceria de Sandra Peres e Luiz Tatit.. Tinha alguma coisa ali. Aqueles dois que cantavam, mais pareciam professores de português.

Um dia apareceu um livro verde na casa de uma amiga, com um título sugestivo: O som e o sentido. Lembro-me bem da minha vontade de ter um livro assim. Lembro-me da vontade que tinha de saber as coisas todas que o livro trazia em si. Eu, rapaz do som, procurando um instrumental para dar algum sentido pra tudo aquilo que vinha escutando. Não acreditei quando saquei o autor...

Agora era sério: eu precisava procurar Wisnik.


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