domingo, 23 de março de 2014

Pretinha


Nem todo mundo ouviu. No entanto, o cd de estreia do grupo Farofa Carioca  Moro no Brasil, lançado em 1998 no Brasil, no Japão e em Portugal foi um sucesso e virou um marco. O até então desconhecido, Seu Jorge virava uma lenda. Com uma voz grave e forte mas ritmada, se impunha como um nome da maior importância para a música brasileira. Passando  por Funk, samba, pagode e hip-hop, a Farofa Carioca representava a música da cidade do Rio de Janeiro que no momento passava por sérios problemas sociais e políticos. Ainda assim, o Farofa faz um disco dançante, pra frente, que não deixa de se fazer político, ao cantar uma cidade sob "a lei da bala" onde a "a carne mais barata do mercado é a carne negra".

Além de ser um grande cantor, rapper e locutor, Seu Jorge se revela, no mesmo disco de estreia do Farofa Carioca, um grande compositor. "São Gonça" é apenas um exemplo.

"mas tente compreender
morando em São Gonçalo você sabe como é
hoje a tarde a ponte engarrafou e eu fiquei a pé
tentei ligar pra você
o orelhão da minha rua
estava escangalhado
o meu cartão tava zerado
mas você crê se quiser"

Em um show recente para milhares de pessoas, Seu Jorge chamou para o palco Caetano Veloso, pegou o violão e começou sozinho a tocar os primeiros acordes de São Gonça. Um violino o acompanhava, enquanto sozinho canta "Pretinha..." para um Caetano admirado. O baiano canta depois. Diante deles uma plateia imensa, igualmente admirada, acompanhando um clássico do nosso repertório com a devoção que se tem diante das coisas belas.
É bonito ver nesse vídeo, o reconhecimento do talento de Seu Jorge por parte de Caetano Veloso que não se controla e diz:  "isso é bonito demais". Depois de Caetano, é a vez da plateia, que canta em harmonia, essa linda canção de amor em pleno século XXI.

Seria mesmo o fim da canção?


Nenhum comentário:

Postar um comentário