segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brunori Sas

Quando em 1997 estava indo passar uma breve temporada na Itália, tinha uma certeza: não demoraria a encontrar o Caetano e o Chico de lá. Ledo engano. Nada parecido, aliás, sentia na música italiana a tremenda distância que separa as manifestações musicais eruditas das populares - folclóricas ou de consumo. A mediação que aqui no Brasil foi feita pelo samba, o samba-canção e a bossa nova e para além da bossa nova, com o tropicalismo, reconstruiu o caminho que se perdera entre o erudito e o popular, e sendo assim, também do popular ao erudito. Sem um caminho próprio trabalhado dentro de suas próprias fronteiras, claro que com todas as influências produtivas possíveis, antropofagicamente, incorporaram, na ausência desse próprio caminho, a experiência norte-americana do jazz e mais adiante abraçando, dessa vez, principalmente os jovens, o Rock and Roll, e a Itália, é signatária dessa ausência. Lugar perfeito para a música jovem, que se inspirava nos Beatles ou em concorrentes circunscritos ao Rock and Roll, assim como a nossa jovem guarda, mas que passaram a se mobilizar a partir do índice exclusivo do Rock. Cantores de esquerda e de direita, ou faziam rock, ou as canções impregnadas do bel canto operístico. A dicção jovem na Itália, e para muitos outros países europeus advém principalmente do Rock and roll, o que quer dizer para os italianos, basicamente: Elvis Presley, Bob Dylan, os Beatles e os Rolling Stones. A partir do rock a novidade na Itália passou a ser importada, a história da música pop também passara a ser a própria história da música pop italiana, mero espelho. E na minha experiência de Itália, ainda a senti assim - na Itália em Roma, é importante circunscrever - nas suas rodinhas de violão com os jovens a cantar canções anglo-americanas.

Dos novos artistas em atividade me interessei por Elisa Toffoli que não era exceção a regra, pelo contrário ainda cantava em Inglês, na linha de Laura Pausini. Parecia-me menos piegas, talvez por cantar em Inglês língua que eu entendo mal. Enfim, não conseguia achar um compositor como os nossos da MPB. Nascido no Brasil, acostumei-me tanto com a existência de certos maravilhosos artistas da canção que ainda não me dava conta da singularidade deles. Não havia Chico, muito menos um Caetano, talvez chegue o dia, mas esse dia, ainda está para acontecer. Falo, segundo a minha experiência em Roma e da música pop italiana que eu consegui acompanhar pelos meios de comunicação. Uma breve visita a Nápoles, quando vi um jovem cantor de violão em punho cantando alto na rua em napolitano, me fez vislumbrar um cancioneiro tipicamente italiano e com uma força muito interessante, mas que ficou em Nápoles quando eu voltei. Recentemente através do Myspace deparei-me com um cantor e compositor que satisfazia plenamente o que eu deslumbrara há mais de dez anos em Nápoles, e que lançava seu primeiro disco, vencedor do prêmio Ciampi como melhor disco de estréia. O nome dele: Brunori Sas. Sem mais palavras, eis aqui o som!

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