quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Reexistência versus Fim da História

Há algum tempo ouvi do Juninho, vocalista do saudoso grupo de rock de Juiz de Fora Findo-Fake, que uma banda não nasce da reunião de músicos, e sim da da reunião de amigos.  Já sabia que toda generalização é passível de desmascaros, mas ali me interessava muito menos o desacerto da observação do que o seu achado. A verdade da sua observação refletia-se no passado e parecia se lançar no presente e no futuro com toda força. O verdadeiro, o fim do fake, parecia estar ali, na construção entre amigos de um objeto único, anterior às identidades, novo: o som das tribos contemporâneas.

A tarefa do artista é a de recriar os espaços e abrir as suas portas para que haja, para além do nada, a vida. Recuperar a importância da arte, criar a arca que nos leve a um novo tempo, a um novo caminho, a uma vontade de viver mais intensa, à sabedoria de quem já passou por esta vida e amou, sofreu...viveu . Portanto, não é a reunião dos melhores músicos, que garante o aparecimento da melhor banda. As melhores bandas são aquelas que nascem entre amigos, e que, portando um querer próprio, articulam um material sonoro único e representativo do novo espaço que é criado.

Bandas de profissionais não me comovem tanto como aquelas formadas por amadores que se amam mutuamente e que se doam a um projeto de som. Amigos que criam um som, um discurso, um espaço, e que assim fazendo doam à vida uma sobrevivência, uma reexistência.

Um viva às bandas de resistência ou de reexistência que miram além do, sempre precipitado, anúncio do Fim da História.




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